São Paulo (SP) - O gaúcho Crioula, com sede em Angra dos Reis (RJ), venceu tudo o que poderia ter vencido na 73ª Regata Santos-Rio. Neste domingo (29/10) foi confirmado como campeão da Classe ORC no tempo corrigido pelo Iate Clube do Rio de Janeiro (ICRJ), no sábado fez a honrosa Fita Azul (primeiro barco a cruzar a linha de chegada na Baía de Guanabara, após navegar por 200 milhas (360 km) em 29h30m09s, e na sexta-feira venceu a inédita regata barla-sota (entre duas boias) de pré-largada na orla de Santos, depois do desfile dos barcos que deixaram o Iate Clube de Santos (ICS).
Em 2022, o Crioula também foi o Fita Azul da Santos-Rio com 27h03m11s, porém, no tempo corrigido caiu para a quinta colocação. O recorde da desafiadora prova do Atlântico Sul permanece com o também gaúcho Camiranga, de 60 pés, com 18h09m em 2015. A tripulação que estabeleceu o recorde há oito anos, é praticamente a mesma do Crioula em 2022 e 2023. Neste ano, Guilherme Roth assumiu o leme e o comando, enquanto Cole Parada foi o tático da embarcação.
Ao confirmar a vitória no tempo corrigido na Classe ORC, o Crioula ficou à frente do Phoenix, de Santos, e do Boto V, de Paraty. Na VPRS, a vitória foi do Maestrale IV, do Rio, seguido por Boto V e Duma, do medalhista olímpico Kiko Pelicano. Na BRA-RGS, o Zeus, de Ilhabela, foi o primeiro colocado, com Força Maior, de Ubatuba, e Tangará, do Rio, na segunda e terceira colocações, respectivamente. A competição contou com 25 barcos de Santos, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Ilhabela, Ubatuba, Angra dos Reis e Paraty.
A tática a ser adotada é o maior desafio da Santos-Rio para as tripulações, devido às variadas condições de vento e de mar. “A largada foi muito divertida com a regata barla-sota aquecendo as tripulações. Depois da saída da Baía de Santos, navegamos junto à costa e observamos que havia pouco vento entre São Sebastião e Ilhabela, e estava muito rondado. Em Toque-Toque, optamos por seguir para a Ponta do Boi, por fora de Ilhabela”, revela Gilcimar Percílio, um dos responsáveis pelas regulagens de velas e mastro entre os 13 tripulantes do Crioula.
A estratégia do barco gaúcho foi bem-sucedida. “Após Ilhabela, pegamos um leste de 30 nós, já na noite de sexta-feira, que se manteve constante durante a madrugada. Havia muitas ondas e nos mantivemos com o colete salva-vidas o tempo todo. Priorizamos a segurança da tripulação e preservamos ao máximo os equipamentos. Uma das ondas que varriam o convés deve ter levado nosso spot" (aparelho que informa a posição do barco), relata Gilcimar.
Talento do Projeto Grael - O velejador carioca, de 28 anos, natural de São Gonçalo, foi formado no Projeto Grael, na vizinha Niterói. Gilcimar integra a equipe Crioula há dez anos. Esteve a bordo no recorde do Camiranga em 2015 e neste ano conquistou o bicampeonato da Semana de Vela de Ilhabela com o Crioula, além da segunda Fita Azul seguida na Santos-Rio.
“O Projeto Grael me deu, antes de tudo, a base para eu me tornar um ser humano melhor e, também, um profissional qualificado para vela. Sou grato à equipe Crioula que depois me ofereceu a oportunidade de levar à prática meu aprendizado e aprimorar meu conhecimento trabalhando ao lado dos demais profissionais da equipe”, reconhece Gilcimar, demonstrando gratidão. A Santos-Rio é a regata de abertura do Circuito Rio, que chega à 54ª edição e prossegue na próxima quinta-feira (02/11) com regatas até domingo (05/11).
Os três primeiros em cada classe:
ORC
1 - Crioula (VDS/Verolme - Angra) - Eduardo Plass
2 - Phoenix (ICS) - Fábio Cotrim / Mauro Dottori
3 - Boto V (Paraty) - André Sobral
VPRS
1 - Maestrale IV (ICRJ) - Adalberto Casaes
2 - Boto V (Paraty) - André Sobral
3 - Duma (ICRJ) - Haakon Lorentzen
BRA-RGS
1 - Zeus (PIC - Ilhabela) - Paulo Moura
2 - Força Maior (UIC) - Ramiro Eli
3 - Tangará (ICRJ) - Délio Vadetaro Jr.
Ary Pereira Jr - ary70jr@hotmail.com
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